sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Democracia, uma ova!


 Mitchell, Lilly and Cam - Modern Family

Há quatro dias atrás, foi proposto pelo parlamento ao Presidente da República a realização de um referendo sobre a co-adopção e adopção de crianças por casais do mesmo sexo.
Esta é a temática que mais tem causado polémica nos últimos tempos e eu não vi melhor forma de retomar o meu blogue do que mandar alguns "bitaites" sobre este assunto.

Primeiro deixem-me mostrar a minha indignação por misturarem co-adopção e adopção no mesmo saco quando são coisas diferentes. A primeira questão refere-se ao facto de o cônjuge ou unido de facto do mesmo sexo poder ou não adoptar o filho do seu cônjuge ou unido de facto, seja por estarem juntos, por o parceiro ter tido um acidente que lhe tirou algumas capacidades essenciais para tomar conta de um menor ou até mesmo pela morte desse mesmo cônjuge. Outra coisa bem diferente é tentar sondar os portugueses sobre o facto de aceitarem ou não que casais, casados ou unidos de facto, do mesmo sexo tenham a posibilidade de adoptar uma criança (não sendo filha biológica de nenhum dos dois).

Posto isto, e perdoem-me se fui massadora, eu pergunto: mas está tudo louco? Num país em crise, vamos gastar milhares e milhares de euros num referendo que, muito provavelmente, já tem uma resposta à partida: o NÃO!

Portugal é um país conservador e, respeitando as opiniões e ideologias de todos, nunca vai aprovar uma coisa destas. "As crianças vão ser julgadas por terem dois pais", "as crianças vão ter tendências para ser gays", "a sociedade não está preparada para isto", é das coisas que eu mais ouço por estes dias.

Sabem que mais? Deixem-se de moralismos! Estão preocupados com as crianças dos outros por serem amadas, respeitadas e acarinhadas por pessoas que gostam de pessoas dos mesmo sexo? Desde quando é que uma pessoa gay (homem ou mulher) tem menos aptidão, empenho e dedicação do que um heterosexual para tomar conta de uma criança?
E mais, depois de o país aceitar o casamento homosexual, quão absurdo é agora estar a pensar não aprovar a adopção e a co-adopção?

Continuo a achar que a "sociedade" está mais preocupada em pensar e falar mal dos outros do que organizar as suas vidas e serem felizes. 
"Ai eu estou desempregado e viver da reforma dos meus pais de 70 e muitos anos, mas não vou deixar que o gay do meu vizinho e o namorado dele adoptem uma criança", isto é o que eu consigo imaginar mais de ser dito por essa gente que considera este referendo "um ato de democracia".

Pessoas, grow up and get a life! Estou farta que nos vejam como o país de pobres e conservadores que não sabe acompanhar a evolução dos tempos, excepto em tecnologias claro porque para comprar ipads e iphones estão os meninos que propuseram este refendo prontos!

Rita Magalhães